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A metodologia “Ballet para Todos” visa tornar o Ballet Clássico e seus conceitos acessíveis a todos sem distinção de raça, cor, classe social, idade, medidas corporais e tantos outros quesitos que algumas pessoas vêem como impasse para dançar Ballet ou apenas para aprofundar seus conhecimentos nele.

Nas nossas redes sociais percebemos um grande número de pessoas que por algum motivo ainda estão distantes de informações básicas sobre o Ballet, despertando em mim o desejo de não apenas tornar o Ballet Clássico acessível como também tornar o conhecimento sobre o Ballet acessível a todos.

Além das nossas aulas presenciais, a internet é nossa principal facilitadora no processo de troca de informações, experiências e conhecimentos sobre o Ballet em seu vasto público, por isso além das redes sociais (Instagram e Facebook), criei este site que será organizado com muito carinho pra vocês.

Compartilhe essa ideia e vamos juntos espalhar o Ballet para todos!!!

QUEM VOS ESCREVE

            Sou uma Brasileira, nascida em Quirinópolis, uma pequena cidade do interior de Goiás com pouco mais de 50.000 habitantes. Nesta cidade tive uma infância bem aproveitada, brinquei e me diverti muito com meu irmão, primos e amigos, época em que tive muita vontade de dançar ballet, mas meus pais não tinham condições financeiras para pagar as aulas, seus salários eram basicamente para sustentar a família. Graças a Deus e aos esforços dos meus pais, nunca passamos fome, frio ou algo do tipo. Sempre estudamos em escolas públicas de boa qualidade e fomos bons alunos. Atualmente meu pai trabalha como funcionário público estadual e minha mãe é professora na rede municipal de ensino, o que me incentivou a seguir a profissão.

           Certa vez, quando eu ainda era criança, teve um projeto social organizado pela prefeitura que ofertou aulas de Jazz, no qual minha mãe conseguiu me inscrever, foi uma experiência muito agradável. A professora se chamava Christhiane, ela era a proprietária da única escola de Ballet existente na cidade naquele período, atualmente ela transformou o espaço em uma academia que oferece vários tipos de exercícios, mas não oferece mais Ballet ou Jazz. Recordo-me de ter poucas aulas nesse projeto, acredito que não passou de um mês, finalizando com um uma apresentação gratuita ao público no Teatro Municipal. Os anos passaram e minha vontade de dançar Ballet foi se distanciando por não poder pagar.

           Quando adolescente me encantei pelas danças urbanas e cheguei a anular a hipótese de ser bailarina, junto com alguns amigos formamos alguns grupos de dança e apresentamos em vários eventos de Quirinópolis e cidades vizinhas, e eu amava tudo aquilo. Em meio a isso eu já atuava como atriz na atual Trupe Bolinha the Teatro, trabalhava na Educação Infantil, no início (com 16 anos) como monitora em uma escola particular e depois em unidades públicas, já que em 2011 eu havia passado em um concurso da prefeitura cujo cargo original seria monitora, porém em poucos meses eu já tinha assumido como professora regente de uma encantadora turminha do maternal.

           Em 2012 me graduei em Educação Física pela Universidade Estadual de Goiás e continuei trabalhando na área e prestando alguns serviços extras: Ministrando minicursos e oficinas de dança e teatro, criando coreografias para eventos, aulas particulares, etc. Em 2013 terminei minha especialização em Educação Infantil e Alfabetização pela faculdade Delta. Em 2014 parei de dar aulas nas escolas e comecei a dar aula de danças urbanas e contação de histórias em um projeto social da prefeitura, auxiliei também com as aulas de teatro e por alguns meses fui professora de natação, projeto esse que me ganhou de corpo e alma.

           No início de 2016 percebi que algumas pessoas que participavam comigo da Cia de dança DNA, já não eram tão amigos quanto em anos anteriores, era notória a vontade que uns tinham de magoar os outros e uma intensa necessidade de sobressair aos demais, o espírito de equipe estava sendo esquecido, logo por alguns que eu considerava como uma segunda família. Chegando a um ponto onde percebi que não adiantava tentar mudar a mentalidade de algumas pessoas, que naquele ambiente eu não estava cumprindo meu papel de cristã e muito menos de educadora. Eu já me sentia mal ao ver que tudo aquilo ocorria em um grupo que eu fui uma das idealizadoras, então decidi sair da Cia, a qual fez uma última apresentação sem mim e logo se desfez.

           No mesmo ano assumi o cargo de Profissional em Educação Física por ter classificado em primeiro lugar no concurso público municipal de 2015. Tive que deixar as aulas do Projeto Social por não ter mais disponibilidade durante o dia, mas continuei atuando, dançando e criando coreografias pela Trupe Bolinha the Teatro e outros trabalhos que eu atendia durante à noite. Nesta época fui influenciada por um bailarino a iniciar minha trajetória no Ballet, porém eu estava trabalhando muito e só no início de 2017 me inscrevi para a 1ª turma de ballet adulto que se formava na cidade.

           Desde o dia da minha matrícula senti certo incômodo do casal responsável pelo estúdio para comigo, sempre me perguntando se era aquilo mesmo que eu queria, se eu pretendia trabalhar na área, entre outros questionamentos que não eram feitos para outras alunas da turma. Eu nunca fui a melhor bailarina da turma adulta, mas também não estava entre as piores. Aprendi muito com eles e passei a considera-los amigos também. No fim de 2017 apresentamos a 1ª sessão do espetáculo, todos nós alunos estávamos satisfeitos com nosso desenvolvimento, mas percebi que eles aparentavam mais tristes quando ouviam o público me elogiando, infelizmente. Os elogios nem eram tanto pela minha técnica, eram mais pela minha expressão facial e corporal durante o espetáculo.

           Foi então que durante minha reapresentação na 2ª sessão um dos professores tentou impedir minha entrada na 2ª parte da coreografia, alegando que ele entraria primeiro que eu, alterando nossas posições em palco (fato presenciado por uma colega do ballet). Eu e meu grupo entramos atrasados devido a esse impasse e tentamos fazer o melhor no pouco tempo de música que tinha restado pra nós, me segurei pra não sair do palco chorando. Eu já estava determinada a não fazer mais ballet, pois aquele estúdio era o único da cidade com uma turma adulta, porém o bailarino que tinha me influenciado disse-me que em 2018 ele seria meu professor naquele estúdio.

           E lá fui eu pagar minha rematrícula, onde (por mais que a escola fosse simples e pequena) não tinha nada barato. No mesmo mês fui chamada pra ser professora de ballet Baby Class em um projeto para crianças de uma escola pública, a princípio não aceitei e levei a proposta para os professores do estúdio, mas não deu certo pra eles (mais detalhes no livrinho: Ballet para Todos – Uma história de amor) e então tive que aceitar a proposta.

            Assim conheci o outro lado daquele bailarino que dizia ser meu amigo, um professor que tentava me humilhar em cada aula que tínhamos. Isso não ocorreu só comigo, mas com as alunas mais esforçadas e dedicadas, pra não dizer as melhores bailarinas da turma, com evidências de que comigo era pior. Eu soube depois que tais marcações faziam parte de uma estratégia do estúdio pra me forçar a abandonar as aulas, mas eu não desistia.

           Como desde 2016 eu não estava com nenhuma cia de dança, todos os convites que eu recebia para apresentar em eventos eu repassava para eles, e em muitas vezes o trio de professores se apresentavam e assim divulgavam o nome do estúdio, em uma das vezes eu até fui para filmá-los. Em uma dessas apresentações que eu os convidei minha turma se apresentou, estávamos no final da última semana de março de 2018 e foi nossa 2ª apresentação desde que formamos a turma adulta, e mais uma vez não faltaram elogios quanto à minha expressão facial e corporal principalmente.

           No primeiro dia útil seguinte (segunda-feira, 02 de abril), dia que não tinha aula para minha turma, recebi a ligação de um dos professores (o que tentou me atrapalhar no espetáculo), este me chamou até o estúdio para me informar que o trio de professores (sócios do estúdio) estavam me expulsando das aulas, alegando ser devido o fato de que eu estava dando aula de Ballet em um projeto social desde fevereiro (o mesmo que eles recusaram dar aula quando eu ofereci) e que eles não iam mais me aceitar na turma de Ballet adulto.

           Naquela noite dois fatos me fizeram ficar ainda mais triste. Primeiro que eles esperaram eu pagar a matrícula, as mensalidades (com contrato assinado) e dois uniformes caros daquele ano, os quais eu tinha usado no máximo duas vezes pois estes tinham sido entregues havia poucos dias. O outro fato é que na turma adulta tinha uma outra professora de ballet que dava aula em projeto social desde o ano anterior (que inclusive entrou na turma depois de mim) e ela não foi expulsa, nem mesmo era pressionada como faziam comigo, o que me levou a ver que o problema não era exatamente eu dar aula de Ballet, tinha algo a mais.

           Percebi que eu precisava fazer algo naquela cidade que formasse não só bailarinos, como pessoas de mente mais aberta, mais humildes e empenhadas em superar seus próprios desafios. Uma escola (seja qual for o segmento) nunca poderá limitar o desenvolvimento dos outros por medo de formar profissionais que um dia possam virar seus concorrentes. Pelo contrário, como educadores, temos o dever de propiciar o maior desenvolvimento possível de nossos alunos para que um dia sejam incrivelmente melhores do que nós e conquistem sonhos ainda maiores. O sucesso de um aluno é a melhor recompensa para um professor!

            Assim, criei o projeto Ballet para Todos, que tem sua história toda descrita no livrinho “Ballet para Todos – Uma história de Amor”, o qual escrevi com muito carinho. Antes que me perguntem sobre minha expulsão,  eu não denunciei o estúdio por terem agido contra o Código de Defesa do Consumidor, mesmo tendo todas as provas do que fizeram comigo, pois não quero prejudicar as famílias de cada professor/sócio e os alunos que lá dançam. E eu ainda não tenho condições de acolher todos os alunos da cidade interessados em Ballet, pois concilio meus horários com as aulas de Educação Física que leciono na rede pública municipal de ensino.

                      Enfim, estou aqui firme e forte na missão de disseminar o Ballet a todos os cantos desse mundo e ocorridos como esse não poderão me atrapalhar, só me fortalecerão na batalha pelo que é direito de todos! Foi difícil falar com poucas palavras, pois como puderam ver, tenho uma história bailarinística toda relacionada com minhas fases da vida pessoal, mas tentei resumir e deu nisso. Espero que minha história possa influenciar mais pessoas como você a nunca desistir e superar os desafios que a vida nos apresenta. Muito obrigada!

Layanne Telles

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